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Câncer e Cirurgia Oncológica
15 maio
O câncer é, essencialmente, uma doença do DNA. O avanço no entendimento dos mecanismos moleculares por trás da proliferação celular e transformação neoplásica revolucionou o tratamento oncológico. Hoje, tratamentos modernos, como terapias-alvo e imunoterapias, dependem diretamente do conhecimento sobre alterações genéticas e epigenéticas associadas aos tumores. Para médicos e pesquisadores, compreender os fundamentos da biologia molecular é indispensável.
A base do desenvolvimento tumoral está na disfunção do ciclo celular. Alterações em oncogenes e genes supressores de tumor desempenham papéis centrais no surgimento e progressão de tumores. Oncogenes, como os da família ras, e genes supressores, como p53 e RB1, são exemplos de alvos frequentemente afetados.
Além disso, fatores externos, como tabagismo e exposição a agentes carcinogênicos, amplificam o impacto de alterações genéticas preexistentes. Estudos mostram que mutações específicas, como as de K-ras e EGFR, estão diretamente associadas a tipos particulares de câncer, como pulmão e cólon, enquanto alterações em BRCA1 e BRCA2 são predominantes em tumores de mama e ovário.
O conhecimento dessas alterações tem implicações práticas que vão do diagnóstico precoce ao desenvolvimento de terapias personalizadas. Técnicas avançadas, como sequenciamento de nova geração (NGS), possibilitam a detecção de mutações relevantes, permitindo tratamentos direcionados e monitoramento preciso da resposta terapêutica.
O avanço na biologia molecular também redefine o papel do cirurgião no tratamento oncológico. Além das intervenções cirúrgicas tradicionais, o cirurgião agora participa ativamente em equipes multidisciplinares que combinam abordagens moleculares, radioterapias avançadas e tratamentos sistêmicos. Essa integração é vital para casos de alta complexidade, onde decisões precisam considerar fatores moleculares e clínicos.
Embora os avanços sejam notáveis, ainda há lacunas no entendimento de muitas vias moleculares envolvidas na carcinogênese. Questões como a resistência ao tratamento e a heterogeneidade intratumoral continuam sendo barreiras significativas. Pesquisas futuras devem focar na integração de dados genômicos, transcriptômicos e proteômicos para criar abordagens ainda mais eficazes e personalizadas.
A biologia molecular trouxe uma nova dimensão ao entendimento do câncer. O impacto desse conhecimento é visível na forma como tratamos e acompanhamos os pacientes hoje. A combinação de tecnologias emergentes com o conhecimento acumulado promete melhorar significativamente os resultados clínicos, pavimentando o caminho para uma oncologia cada vez mais precisa e eficiente.